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A reinscrição de uma língua destituída: o nheengatu do Baixo Tapajós

Autores

  • Sâmela Ramos da Silva Meirelles

Palavras-chave:

Povos do Baixo Tapajós, Mobilização étnica, Retomada linguística, Nheengatu, Língua ancestral

Resumo

O presente trabalho se concentra no campo de estudo de revitalização e retomada linguística de línguas indígenas, e tem como objetivo compreender a reinscrição do Nheengatu a partir de um conjunto de memórias, discursos e práticas erigidas pelos povos do Baixo Tapajós, no Oeste do Estado do Pará. Há mais de vinte anos, essa região tem uma intensa mobilização étnica, contando atualmente com 13 povos, mais de 8 mil indígenas, 70 aldeias e 18 territórios em diferentes etapas do processo de reconhecimento e demarcação. A reinscrição do Nheengatu como língua étnica frente à paisagem linguística considerada monolíngue nessa região é tomada como uma ação política diante dos discursos de extinção e de silenciamento de suas coletividades e epistemologias. Trata-se de um projeto contra-hegemônico de autoafirmação de coletividades indígenas, de reconstituição de uma memória ancestral e da afirmação da continuidade de modos de ser e relações ancestrais por meio da rememoração e ressignificação de práticas linguísticas e culturais. Assim, ao mesmo tempo que os povos do Baixo Tapajós se reinscrevem como indígenas, reinscrevem o Nheengatu como língua ancestral.

Biografia do Autor

Sâmela Ramos da Silva Meirelles

Professora Adjunta na Universidade Federal do Amapá, Curso de Letras Libras/Português. Membro do Grupo de Trabalho Nacional da Década das Línguas Indígenas e da Rede de Pesquisadores de Línguas Ancestrais

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Publicado

2022-12-05

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