OS BOTOCUDOS NA EUROPA NA DÉCADA DE 1820
Palavras-chave:
Botocudos, Expedições, representações indígenasResumo
Na década de 1820, pelo menos sete Botocudos de Minas Gerais (duas mulheres, quatro homens e uma criança) viviam na Europa, onde mais três crianças nasceram. Três deles residiram em lares de famílias imperiais ou nobres na Áustria e na Alemanha, enquanto outros quatro foram exibidos ao público na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e Bélgica, atraindo considerável atenção. Apenas um retornou ao Brasil, enquanto os restos mortais de pelo menos três se tornaram parte de coleções museológicas. Este artigo descreve as experiências desses testemunhos involuntários da diversidade cultural, inserindo-as no contexto da história de povos indígenas levados à Europa. Além disso, explora as motivações de seus “coletores”, as estratégias empregadas na exibição desses indivíduos e o impacto dessas práticas na percepção pública de "primitividade", abordando tanto a alteridade quanto a humanidade compartilhada. Embora tenham sido apresentados ao público europeu como exemplos de um povo supostamente antropófago, colocado no nível mais baixo de desenvolvimento cultural, todos foram reconhecidos como seres humanos e, frequentemente, indivíduos cativantes.