RESENHA CRÍTICA: DAS ORGANIZAÇÕES DE DORRICO AO MOVIMENTO ARTÍSTICO DE NEGRO: UM AMANHECER INDÍGENA FEMININO AOS (RE)CONTOS E À HISTÓRIA DE TODOS “NÓS”

Abstract

A seguir, apresenta-se uma resenha crítica que transita entre a rigorosidade acadêmica e a poesia da experiência feminina na obra Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena, publicada em 2023 pela Companhia das Letrinhas e coorganizada por Trudruá Dorrico e Mauricio Negro. Esta coletânea, que se desdobra em contos, re(contos) e ilustrações, entre ficção e não ficção, emerge como um espaço de resistência e ressignificação, onde doze autoras – Auritha Tabajara, Bruna Karipuna, Chirley Maria Pankará, Eliane Potiguara, Glicéria Tupinambá, Lidiane Damaceno Krenak, Márcia Mura, Naine Terena, Simone Karajá, Telma Taurepang, Trudruá Dorrico e Vanessa Kaingang – tecem narrativas enraizadas em cosmovisões ancestrais. Suas histórias, que dialogam com o passado, o presente e um futuro reimaginado, ultrapassam os limites do cotidiano para revelar a beleza e a complexidade de vivências coletivas. Ao privilegiar o olhar feminino, a antologia propõe uma abertura inédita à literatura indígena, instigando debates sobre gênero e o papel transformador das mulheres. Em uma síntese que é ao mesmo tempo científica e lírica, as narrativas exaltam sentimentos, saberes e uma intelectualidade que desafia os paradigmas tradicionais, convidando o leitor a repensar as origens brasileiras sob uma perspectiva comunitária e emancipatória. Essa confluência de estética e crítica reafirma o protagonismo feminino como força vital na reconfiguração dos espaços culturais e históricos do país.